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quinta-feira, 15 de março de 2012

Professores de escolas municipais decidem manter a greve


Marcelo Andrade / Agência de Notícias Gazeta do Povo / No primeiro dia da greve, 77 das 181 escolas de ensino fundamental, 42,5%, aderiram ao movimentoNo primeiro dia da greve, 77 das 181 escolas de ensino fundamental, 42,5%, aderiram ao movimento

Os docentes exigem da prefeitura que o piso salarial de R$1.199,64 pago a docentes com curso superior em uma jornada de 20 horas seja aumentado para R$ 1.800

Os professores das escolas municipais de Curitiba decidiram na noite desta quarta-feira (14) manter a greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em uma assembleia organizada pelo Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc). Os demais servidores, representados pelo Sismuc, decidiram suspender a paralisação até o dia 21, quando deverão receber uma contraproposta da prefeitura, mas não descartam a possibilidade de voltarem a parar suas atividades.
De acordo com os sindicalistas, a prefeitura não apresentou propostas na reunião realizada com os professores na tarde desta quarta. “Eles apenas nos pediram que esperássemos até o dia 21 de março para criar uma comissão de estudo, mas depois de várias semanas de discussão não temos outra saída além de pressionar com a greve”, afirmou Gabriel Conte, um dos diretores do Sismmac.
Passeata reúne 3 mil pessoas em Curitiba
A greve dos professores e dos servidores das escolas municipais de Curitiba começou com uma passeata realizada nesta quarta-feira (14) que reuniu mais de três mil pessoas, segundo agentes da Secretaria de Trânsito de Curitiba (Setran). Os manifestantes saíram da Praça Santos Andrade às 10h30 e chegaram à prefeitura, no Centro Cívico, perto do meio-dia. À tarde representantes do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) participaram de uma reunião com a Secretaria Municipal da Educação.
No primeiro dia da greve, 77 das 181 escolas de ensino fundamental, 42,5%, aderiram ao movimento. Já nas instituições de educação infantil, a prefeitura não tinha números precisos e arriscou o número de que apenas 34% participaram dos protestos.
No Centro de Educação Infantil Professor José Wanderly Dias, no Barreirinha, por exemplo, apenas os funcionários com função administrativa trabalharam nesta quarta, assim como na Ayrton Senna da Silva, no Cajuru. Segundo funcionários das escolas, a orientação que estava sendo passada para os pais é a de observar o noticiário para saber quando as aulas voltam ao normal.
Mesmo em escolas que não tiveram todos os professores na greve, as aulas foram interrompidas e, por opção dos próprios pais, os alunos não ficaram no colégio. É o caso da Escola Ritta Anna, no Cajuru.
Outras instituições não pararam, como a Escola Municipal Professora Jurandyr Baggio Mockell, no Pinheirinho, e a Vila Torres, no Prado Velho. Segundo a diretora Cristina Estela da Silva, da escola Vila Torres, foi feita uma votação a respeito da adesão à greve e a maior parte dos professores decidiu continuar com as aulas normalmente até o fim da semana. “Tiveram alguns que faltaram, mas isso não atrapalhou o andamento das aulas, pois outros professores de área assumiram as outras turmas”, diz.
Os professores exigem da prefeitura que o piso salarial de R$1.199,64 pago a docentes com curso superior em uma jornada de 20 horas seja aumentado para R$ 1.800. A prefeitura anunciou em 29 de fevereiro que vai aumentar esse valor para R$ 1.319,90, mas os sindicalistas consideram o reajuste insuficiente. A interpretação feita pelo Sismmac é a de que, se o piso nacional sugerido pelo Ministério da Educação (MEC) para um professor com ensino médio para uma jornada de 20 horas é de R$725,50, um professor com curso superior deve receber no mínimo R$ 1.800 para a mesma carga horária de trabalho. Os sindicatos consideram ainda que a quantia divulgada pelo MEC serve apenas de orientação para cidades mais pobres, o que não é o caso de Curitiba.
O prefeito Luciano Ducci informou que a prefeitura reduziu em quase R$ 100 milhões os gastos em outras áreas para dar um aumento de 10% a todos os servidores municipais e garantir outras gratificações aos professores. “Os sindicatos têm de reconhecer que não há como atender a todos de forma infinita. Se pudéssemos pagaríamos mais, mas isso não é possível”, afirmou.
Diante da reclamação dos professores de que o Programa de Produtividade e Qualidade (PPQ) - anunciado pela prefeitura no início do ano com a promessa de pagar uma gratificação de pelo menos R$ 275 mensais, com a qual os salários dos professores para 20 horas de trabalho chegará a ser de, no mínimo, R$ 1594,90 -, é uma “ilusão”, Ducci ameaçou voltar atrás. “Se eles não querem a gratificação, não damos”, desafiou.
Para o prefeito, a greve é claramente uma ação política. “O reajuste de 10% dado a todos os servidores é o maior na história da prefeitura desde o Plano Real. É o maior também comparado à maior parte dos estados do país e muito acima do piso nacional. Uma grave com um patamar de reajuste desse, deixando crianças fora de aula é, sem dúvida, por motivação política”, finalizou.

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