Mais velhos e pobres que alunos de cursos presenciais, matriculados no ensino a distância já são 15% do total de universitários do País
27 de fevereiro de 2012 | 23h 30
Carlos Lordelo - Estadão.edu
Primeiro dia de aula. Nada de professor, trote ou cabeça
raspada. Lugar? A sala de um hotel no centro de São Paulo. Oito horas
de sábado, 11 de fevereiro. Os 31 calouros do curso a distância de
Administração da Faculdade Aiec foram conhecer a estrutura da graduação e
o ambiente online onde vão estudar pelos próximos quatro anos. Em
comum, têm o discurso de que, sem precisar ir à faculdade todo dia,
finalmente conseguirão o diploma.
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Carlos Lordelo/AE
Ana Paula, caloura aos 37 anos, estuda depois que os filhos mais novos dormem
São 21 mulheres. Ana Paula Freitas, de 37 anos, começou a trabalhar
aos 17, teve o primeiro filho aos 19. Disse que nunca pôde pagar uma
faculdade. Funcionária do call center da TIM, aproveita o que chama
“oportunidade única”: a empresa vai bancar 80% da graduação. Dez dias
após o início das aulas, Ana Paula disse que a vida de caloura não
estava fácil. “Coloco a criançada (ela tem outros dois filhos, de 2 e de 7 anos) para dormir às 9 e meia, ligo o computador e estudo até meia-noite.”
Ana Paula resume o perfil dos alunos de graduação a distância no
País: são mais velhos, mais pobres e precisam ajudar no sustento da
casa. Legítimos representantes da classe C, apostam na educação para
melhorar de vida. E recorrem à EaD porque conseguem estudar nos horários
mais oportunos, sem abrir mão do emprego ou do convívio com a família. A
contrapartida: ser organizados e autônomos, já que dependem mais de si
mesmos que dos professores para aprender.
O ensino a distância não é novidade no País. Já na década de 1930
eram oferecidos cursos profissionalizantes por rádio e correspondência. O
Instituto Universal Brasileiro, criado em 1941, está no imaginário de
gerações. Capacitou milhares de brasileiros em corte e costura e em
eletrônica.
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