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sábado, 21 de abril de 2012

Dinossauros - Uma gaveta de ossos


Em trama detetivesca, pesquisadores descobrem, guardados em universidade do Paraná, fósseis de pterossauro com 100 milhões de anos.

Ossos de répteis voadores que viveram na Terra há 100 milhões de anos – o que faz deles contemporâneos dos dinossauros – foram encontrados em Cruzeiro do Oeste, no Paraná.
A descoberta dos fósseis de pterossauros foi anunciada na noite da última quinta-feira, em Mafra (SC), 41 anos depois de terem sido en­­contrados por acidente pelo agricultor João Gustavo Dobruski, hoje com 63 anos, e pelo seu pai, Alexandre, morto em 1986.
O livro
Dinossauros fazem parte de um elenco de criaturas fantásticas
Atestar a fragilidade dos sistemas que sustentam a vida – e isso, numa época em que o mundo se debate com problemas associados ao meio ambiente – é um dos pontos associados ao trabalho paleontológico.
Um dos objetivos do livro ilustrado Museus & Fósseis da Região Sul do Brasil, dos geólogos Paulo César Manzig e Luiz Carlos Weinschütz, é mostrar que a paleontologia “vai muito além dos dinossauros”, que são fascinantes, mas fazem parte de um elenco de criaturas fantásticas, no qual se encontra o recém-descoberto pterossauro paranaense.
Produzido com recursos da Lei Rouanet, o livro reúne pesquisas do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (Cenpáleo) e mostra que os museus do sul brasileiro têm peças valiosas em seus acervos.
Para que pudesse divulgar a descoberta dos fósseis de pterossauros em Cruzeiro do Oeste, o livro teve o seu lançamento adiado.
O material foi desencavado em 1971, numa estrada perto da casa dos Dobruski, enquanto eles abriam valetas para o escoamento da água das chuvas. Quando a família recebeu a visita de primos vindos de Ponta Grossa, pediu a estes que levassem os ossos para a universidade avaliar.
Dobruski conta que recebeu uma carta dos primos explicando que o bloco era mesmo um fóssil com 75 mi­­lhões de anos, “mas sem grande importância”.
E assim a ossada passou mais de duas décadas guar­­dada em uma gaveta no setor de Geociências da Uni­­versidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
“Naquela época, seria mui­­­­to difícil diagnosticar que eram pterossauros. O bom da história é que eles não jogaram o material fora, fato que acontece em muitos lugares onde perdemos materiais raros”, diz o geólogo Paulo Cesar Manzig.
Manzig e Luiz Carlos Weins­­chütz trabalham no Centro Paleontológico da Uni­­versidade do Contestado (Cenpáleo), em Mafra, uma referência para a paleontologia brasileira. Em outubro do ano passado, os dois faziam pesquisa para o livro Museus & Fósseis da Região Sul do Brasil quando viajaram para Ponta Grossa a fim de fotografar fósseis mantidos pela UEPG.
Numa gaveta, encontraram dois blocos de arenito com 20 centímetros de largura “repletos de pequenos ossos pneumáticos, estruturas leves projetadas geneticamente para voar”.
Os pesquisadores foram ao local da descoberta, na zona rural de Cruzeiro do Oeste, e encontraram várias outras ossadas. “A região foi um deserto, com muitas dunas. Com certeza o local era algum tipo de oásis porque os animais estavam juntos e, além disso, os fósseis não apresentavam dentes. Eram animais frutívoros”, diz Manzig.
A história da descoberta que vai influenciar os estudos sobre os pterossauros é descrita em detalhes no capítulo “Um Pterossauro na Gaveta!”, no livro escrito a quatro mãos por Manzig e Weinschütz. A edição capri­­chada em papel cuchê e capa dura tem um encarte com imagens tridimensionais e será distribuída gratuitamente para bibliotecas e universidades.
Antes da descoberta no noroeste do Paraná, todos os ossos de pterossauros – raros na América Latina – haviam sido encontrados em regiões litorâneas. No Bra­­sil, eles se concentravam na parte cearense da Chapada do Araripe, planalto que avança também pelo Piauí e por Pernambuco.
A Prefeitura cruzeirense vai isolar a área em que os ossos foram encontrados e assinar, na próxima quar­­ta-feira, o decreto que cria o Sítio Paleontológico de Cruzeiro do Oeste. O objetivo é encontrar uma universidade interessada em tomar conta do local e buscar recursos para novos estudos e escavações.
Não muito longe dali, a família Dobruski, que passou décadas ouvindo brincadeiras por causa da descoberta que não havia dado em nada, agora ri por último.
Colaborou Irinêo Baptista Netto.

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