Imagina na Copa
Bordão pegou entre os brasileiros para ironizar os problemas do país, mas análise mostra que, apesar de não serem totalmente resolvidos, 2014 não será tão ruim assim.
O cidadão fica preso no trânsito e começa a praguejar. Outro teme perder o avião por causa da imensa fila no check-in do aeroporto e não consegue segurar o nervosismo. Um terceiro liga para reservar quarto de hotel e se frustra ao ouvir que não há mais vagas. “Imagina na Copa...”, repetem esses e tantos outros brasileiros. A frase virou um dos bordões preferidos diante de qualquer problema que apareça.
Enquanto isso o poder público promete, além de 12 modernos e bonitos estádios, aeroportos remodelados, obras de mobilidade urbana para o trânsito fluir e inúmeros ganhos de infraestrutura. Grande oportunidade para a criação de um legado que impedisse futuramente a proliferação de expressões como essa da moda. No entanto, pouca coisa está pronta, muitos projetos atrasaram e outros ainda nem saíram do papel.
Principal expectativa da população curitibana como herança do Mundial da Fifa – apontou pesquisa publicada pela Gazeta do Povo em julho –, as obras de mobilidade urbana na cidade são um grande exemplo do que o evento poderia propiciar. Mas as 12 do PAC da Copa não estão com o cronograma em dia e a conta vai aumentar. Pode até atingir R$ 1 bilhão. Tanto que especialistas apontam soluções alternativas, como treinamento de agentes de trânsito e uso do transporte coletivo ou táxis, para não travar a cidade quando os turistas chegarem em junho de 2014 – as previsões indicam um giro de mais de 600 mil visitantes entre os dias 16 e 26 de junho, quando serão realizados quatro jogos na Arena da Baixada.
A chegada ou partida de milhares deles, via Aeroporto Afonso Pena, corre o risco de acontecer em meio à reforma do terminal de passageiros – mais uma obra atrasada. As autoridades, como se praxe, garantem que o necessário ficará pronto a tempo. No local, o que caminhou foi a ampliação das pistas e do estacionamento.
Um setor com menos preocupações é o hoteleiro – que depende quase exclusivamente da iniciativa privada. O número de leitos atual supre as exigências da Fifa e não haveria sentido em aumentar imensamente o parque hoteleiro. Somente quem chegar em cima da hora e não pensar em outra forma de hospedagem deve ficar sem cama e banho.
Três exemplos de que, a pouco menos de dois anos do evento, já dá para brincar de “imaginar na Copa” e criar uma projeção confiável do cenário em Curitiba – na verdade em qualquer cidade-sede. Prometeu-se muito mais do que virá, mas as coisas não estarão piores do que hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário