Walter Alves/Gazeta do Povo
Carlos Alberto abandonou uma graduação em Economia pelo curso tecnológico: foco no trabalhoNúmero de matrículas em cursos tecnológicos foi maior do que em bacharelados em 2011. Facilidade de obter emprego é decisiva na hora da escolha.
Segundo o professor do Departamento de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse, a empregabilidade contribui muito para que os estudantes optem por uma graduação focada no ensino tecnológico. “Claro que um jovem vai pensar no sonho, naquilo que imaginava fazer desde criança. Mas, na hora da decisão, o que conta muito é se a área tem bastante oferta, se o salário é atrativo.”
Inclusão
Em 15 anos, número de negros universitários sobe de modo expressivo
Da Redação, com agências
A presença da população negra no ensino superior do país teve salto expressivo nos últimos anos, segundo o Censo da Educação Superior. Em 1997, somente 2,2% da população de pardos de 18 a 24 anos no país frequentavam ou haviam concluído um curso de graduação. No ano passado, o porcentual registrado foi de 11%. O crescimento também foi alto entre os jovens autodeclarados pretos: o porcentual do total dessa população em instituições de ensino superior saltou de 1,8% para 8,8%.
Entre 2010 e 2011, houve um crescimento de 7,9% na matrícula em cursos de graduação da rede pública, superior aos 4,8% da rede privada. De uma forma geral, o salto foi de 5,7%.
“Isso [esse crescimento] foi muito importante, mas eles [pretos e pardos] continuam muito abaixo do peso que têm na população, muitas universidades públicas já tinham cotas. A nossa meta, agora, é que a participação de negros no nível superior seja a mesma do Censo [do IBGE]”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Pretos, pardos e indígenas representam 51,17% dos brasileiros.
Os jovens brancos seguem com maior presença no ensino superior – 25,6% deles frequentavam ou já haviam concluído essa etapa em 2011, índice superior aos 18,7% de 2004 e aos 11,4% de 1997.
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alunos estavam matriculados em curso de graduação no Brasil em 2011, número 5,7% maior do que no ano anterior. É a maior população universitária de todos os tempos.
O coordenador de políticas de avaliação de instituições de ensino da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Valmir França, lembra que foi por causa dessa demanda do mercado que, além do crescimento dos institutos tecnológicos no país, as universidades investiram mais na oferta de cursos tecnológicos.
Mas se por um lado esse aumento mostra que o jovem está focando em formação superior que o coloque no mercado, por outro a área de tecnologia também pode ser a responsável por impedir que ele entre na faculdade. A coordenadora de Pedagogia das Faculdades Integradas do Brasil (Unibrasil), Paulla Helena Silva de Carvalho, explica que os cursos técnicos de nível médio ainda abocanham muitos jovens e impedem que eles cheguem à graduação, pois têm um tempo menor de duração – em média dois anos – e um efeito de colocação no mercado de trabalho muito parecido, exceto pela diferença no salário.
Foi pela facilidade em conseguir boas ofertas de emprego que o estudante Carlos Alberto de Miranda abandonou uma graduação em Economia pelo curso de Tecnologia em Gestão Financeira. Como ingressou na faculdade mais tarde, depois dos 40 anos, precisava de diploma que interessasse diretamente na área em que já atuava. “O curso tecnológico tem o perfil que cabe na minha vida. Foi a melhor opção que encontrei.”
Os dados do Censo também revelam uma inversão na quantidade de alunos matriculados nas redes pública e privada durante a graduação e a pós-graduação. Enquanto 73,69% dos estudantes de graduação estão nas universidades particulares, os de pós-graduação são a maioria nas públicas, 84,09%.
A explicação é que a oferta de cursos de especialização, mestrado e doutorado é muito maior na rede pública, não só porque esse tipo de formação requer alto investimento das instituições – e gera baixo e lento retorno –, mas também porque existe mais facilidade em conseguir bolsas dos órgãos de fomento à pesquisa na rede pública. “Sem contar que para ter pós-graduação é preciso ter pesquisa e nem todas as universidades particulares estão dispostas a investir nela, já que isso requer mão de obra muito qualificada, que são professores mestres e doutores”, explica Alavarse. O Censo mostra que nas instituições públicas, 55% dos docentes são doutores, enquanto nas privadas, só 15%.
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