O mofo insiste em permanecer nas paredes da casa da comerciante Lizete Mendes
CASAMofo, um hóspede indesejável
Extremamente versátil, o bolor, como também é chamado, pode se apoderar de qualquer cantinho úmido e escuro em sua casa. Saiba como evitar o problema.
De acordo com a pesquisadora em biotecnologia da Universidade Positivo Lígia Cardoso, o microrganismo se instala em qualquer superfície porosa na qual consiga extrair substratos. “Tendo condições adequadas, o mofo se desenvolve em qualquer lugar”, ressalta.
Evite que o bolor tome conta da sua casa
Embora não existam medidas milagrosas que eliminem todas as possibilidades de multiplicação de bolor na casa, é possível minimizar o problema a partir de algumas práticas e técnicas simples, bem como o apoio de aparelhos mais tecnológicos.
A pesquisadora em Biotecnologia da Universidade Positivo (UP) Lígia Cardoso recomenda que as casas sejam bem ventiladas, para evitar a umidade nos ambientes. É interessante também expor periodicamente ao sol sapatos e roupas. “Os raios solares são nocivos aos fungos”, argumenta o coordenador da pós-graduação em Microbiologia da PUCPR Marcelo Pillonetto.
Segundo Lígia, água sanitária, álcool 70 e até mesmo limão podem ser utilizados para remover o mofo. Ela avalia que as tintas anti-mofo também são eficazes, mas devem ser reaplicadas ao longo do tempo. “Estes produtos têm um prazo de validade restrito”.
Outras soluções caseiras e simples são o uso de giz e sachês de sílica, que absorvem a umidade dos ambientes contaminados. Para o coordenador, o efeito produzido pela sílica é mais efetivo que o uso do giz, para absorver o excesso de água do local.
Os revestimentos cerâmicos nas paredes também contribuem para evitar o acúmulo de umidade. “O uso de azulejos acarreta no escorrimento da água, evitando sua permanência”, explica Kassai.
A utilização do isopor como barreira física contra a passagem de umidade, técnica bastante difundida por marceneiros, é questionada pelo engenheiro. Para ele, o isopor, por não ser inerte à ação da água, pode se tornar foco de multiplicação de microrganismos. "O ideal é utilizar o isopor com um móvel que preveja a ventilação permanente do fundo do armário”.
Para quem busca soluções mais tecnológicas, existem aparelhos que desumidificam e esterilizam o ar, eliminando fungos e outras bactérias presentes no ar. Pillonetto ressalta que é importante evitar o uso destas máquinas quando o índice de umidade estiver muito baixo.
O empreiteiro de obras Luiz Paulo Schen avalia que algumas práticas de construção no Brasil também favorecem a multiplicação do bolor. O reboco feito com cal, por exemplo, faz com que as paredes fiquem mais úmidas. O uso de madeira verde, que não passou por um processo de secagem, também propicia a contaminação.
A disposição da construção e das peças em relação à insolação também pode influenciar no aparecimento de bolores. Segundo o engenheiro Hamilton Kassai, é recomendado que os quartos e as salas das residências na região sul do país estejam orientados para a face norte. “Estes ambientes necessitam de insolação para coibir a proliferação de microorganismos”.
No entanto, Pillonetto adverte que não existem soluções que eliminem definitivamente este hóspede indesejável. Para o coordenador, existem medidas que podem amenizar o problema, sem exterminá-lo por completo . “Alguns procedimentos podem causar uma resistência ao bolor, mas ele acaba retornando”, acrescenta Lígia.
A comerciante Lizete Mendes sofre há alguns anos com o bolor que retorna insistentemente para as paredes de sua casa. Ela nunca fez grandes reformas estruturais, mas costuma repintá-la com uma tinta anti-fungos periodicamente. “Em uma das paredes, conseguimos reverter o problema com um revestimento de azulejo”, conta.
Mesmo empregando técnicas para retirar o bolor, a saúde da família de Lizete acabou sendo prejudicada. “Quase todos têm rinite”, afirma. Para Pillonetto, é comum desenvolver alergias respiratórias devido ao contato com estes microrganismos. “Os fungos emitem esporos quando se reproduzem, que se dispersam pelo ar e podem provocar reações alérgicas”, considera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário