As alunas de Hotelaria do Centro de Educação Os Pinhais têm despesas com acomodação, uniforme e alimentação custeadas durante o curso
PROFISSIONALIZAÇÃOProgramas capacitam jovens carentes para o mercado de trabalho
Aulas nas áreas de hotelaria e eletricidade predial estão entre as opções gratuitas para adolescentes a partir dos 14 anos.
Na Ilha de Valadares, em Paranaguá, o guarda-municipal Aldeci Alexandre entregará o 100.º certificado de eletricista predial do projeto Recanto do Aprender. A pescaria, neste caso, é a capacidade de fazer reparos e reformas no sistema elétrico de imóveis. Alexandre conta que o projeto teve início em fevereiro do ano passado e que esta será a sexta turma a se formar. “Nas duas primeiras, todos os materiais foram comprados só com o meu esforço. Hoje já temos o apoio de algumas lojas de materiais elétricos, que doam ou facilitam a compra dos materiais”, diz Aldeci, que é formado pelo Senai de Paranaguá.
Inserção
Instituições são pontes entre mercado e aprendiz
Para a concretização do programa de jovens aprendizes é necessário haver instituições que façam a intermediação entre a empresa e o adolescente. São entidades sem fins lucrativos que trabalham por meio de parcerias, localizando os jovens com perfil para a aprendizagem e dando capacitação técnica e profissional. Elas são responsáveis por garantir o cumprimento das exigências da Lei da Aprendizagem, prestar consultoria para o empregador e acompanhar o aprendiz em seu local de trabalho, no ambiente escolar e na vida em família.
“Nós viabilizamos para que ele continue na empresa, dando todo um apoio para a estrutura familiar”, explica a assistente social do Instituto Tibagi, uma das organizações que prestam esse tipo de serviço. Outra entidade preocupada com a inserção de qualidade dos jovens no mercado de trabalho é o ABC Vida. Segundo a coordenadora de projetos da instituição, Marcia Suss, as empresas que abrem espaço para o aprendiz conseguem formar talentos de acordo com os valores e a cultura da organização.
O idealizador do projeto também recebe apoio da igreja católica, que cede o espaço do seu Centro Comunitário na ilha, e de uma escola profissionalizante da região.
As aulas são voltadas para meninos e meninas com mais de 14 anos. Os encontros ocorrem uma vez por semana, com três horas de duração. “O curso é gratuito. A gente dá a oportunidade, mas também cobra. Ninguém vai se formar e ter o certificado sem saber na prática. Por isso a turma começa com 30 alunos e termina com 15”, afirma.
Hotelaria
Outro projeto que tem investido na formação de jovens é realizado na Colônia Murici, em São José dos Pinhais. Lá, a dedicação das alunas faz com que o número de moças que iniciam o curso técnico de Hotelaria com Ênfase em Serviços seja praticamente o mesmo de formandas, dois anos depois. Com um teste seletivo bastante criterioso, o Centro de Educação Profissional Os Pinhais define quem serão as jovens, de 16 a 23 anos, que morarão na escola e terão todas as suas despesas com acomodação, enxoval, uniforme e alimentação custeadas durante o curso. “As meninas moram na instituição e durante todo o tempo estão aprendendo sobre postura e a conviver em grupo”, explica a coordenadora do curso, Virgínia Kleine Albers.
O centro é mantido pela Associação de Promoção Social, Educação e Cultura (Asec), entidade sem fins lucrativos. Por mês cada aluna custa de R$ 700 a R$ 800, mas solicita-se uma ajuda de R$ 150 para as famílias das estudantes. “As que não podem pagar acabam ganhando bolsas de estudos de pessoas da comunidade ou dos hotéis e restaurantes que são nossos parceiros.”
Lei regulamenta trabalho de adolescentes
Uma lei criada em 2000 e ampliada pelo Decreto n.º 5.598/2005 trouxe clareza sobre como deve funcionar a relação entre as empresas e os trabalhadores menores de idade. Chamados de aprendizes, os adolescentes acima de 14 anos e menores de 24 podem trabalhar desde que estejam recebendo formação técnico-profissional e frequentando a escola regular.
Para ajudar as empresas e a sociedade a compreenderem a Lei de Aprendizagem, foi criado no estado em 2004 o Fórum Regional de Aprendizagem do Paraná, que congrega entidades de diversos setores interessadas na prática, além de futuros aprendizes. “Todo mês, cada vez em um lugar diferente, já que se trata de um fórum itinerante, discutimos as questões legais, apresentamos uma instituição e temos uma palestra sobre o assunto”, explica Eliane Caviquioli, uma das representantes do Fórum.
Segundo ela, 32 instituições participam do Fórum, que é encabeçado pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Instituto Tibagi. “Ele foi criado porque a lei era muito nova e precisava ser implantada, então tínhamos de aprender a fazer e fazer bem-feito. Hoje ele funciona inclusive como sensibilização das empresas, já que uma participante incentiva outras que não são a adotarem o sistema de aprendizes”, diz.
O analista técnico de educação Robison Luiz Gionédes trabalhou durante quatro anos no setor de aprendizagem do Senai e conta que essa prática é o berço do caminho profissional do jovem. “Nesta idade geralmente o adolescente e o jovem começam a procurar um encaminhamento, querem ganhar seu próprio dinheiro. A relação do ofício que o jovem está aprendendo com o meio profissional faz com que ele pegue gosto pela prática”, afirma.
Serviço
Quem tiver interesse em participar do Fórum Regional de Aprendizagem do Paraná pode enviar um e-mail para forumregionaldeaprendizagem.pr@gmail.com e aguardar o convite com a confirmação do local e da data do encontro.
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