Para economizar, a psicóloga Patrícia dos Anjos levava para a faculdade lanche de casa e evitava sair para barzinhos ou shows
Com R$ 900 é possível tirar visto de estudante para a Austrália.
R$ 400 é o valor da parcela para um programa de intercâmbio de um mês em Nova York para estudar inglês. O custo total do pacote fica em torno de R$ 4 mil.
Com R$ 3 mil é possível pagar um curso de inglês completo nas principais escolas de Curitiba. O equivalente a cinco meses de economia conforme o quadro abaixo.
De R$ 200 a R$ 700 é o valor da mensalidade da maioria dos cursos de especialização em faculdades privadas no Paraná.
Controle rigoroso dos gastos
A psicóloga Patrícia dos Anjos, 26 anos, se formou em 2011 e passou todo o tempo de faculdade em um constante esforço para economizar. Como estudava em uma instituição privada, a Faculdade Evangélica do Paraná, e não contava com nenhum tipo de bolsa, conseguir arcar com as mensalidades por conta própria, sem sobrecarregar a família, era o principal desafio de Patrícia. “Levava lanche de casa para não gastar no intervalo, evitava sair para barzinhos ou shows e até na compra de roupas eu economizava”, lembra.
Concluído o curso de Psicologia, ela não se arrepende da postura rigorosa com os próprios gastos e afirma ter atingido seu objetivo. “Consegui bancar o curso inteiro, todas as despesas da minha colação de grau, o baile de formatura e ainda sobrou dinheiro. Agora estou formada e não tenho nenhuma dívida”, conta satisfeita.
Faculdade custa caro – e essa afirmação não se aplica só a quem paga mensalidade em uma instituição particular. Mesmo quem estuda em universidade pública não tem como fugir dos gastos com fotocópias, livros, transporte, alimentação, entre outros. O desafio de arcar com as despesas é ainda maior para os alunos mais aplicados – aqueles que sabem da importância de participar de congressos e simpósios ou que veem o período na universidade como o momento certo para fazer cursos de extensão e correr atrás de experiências acadêmicas no exterior. Tudo isso, claro, custa mais dinheiro. Com a ajuda dos professores de Finanças Amilton Dalledone, dos cursos de Administração e Economia do FAE Centro Universitário, e Fábio Tadeu Araújo, do curso de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a Gazeta do Povo elencou uma série de dicas e exemplos sobre como e por que economizar na faculdade. É hora de tomar nota e passar a guardar as moedinhas:
Veja outros números de quanto você economizaria com a mudança de hábitos.
LEITURAS
Certamente alguns livros são essenciais à formação acadêmica e vale a pena tê-los em casa para consultas futuras, mesmo depois da formatura, mas boa parte das leituras exigidas durante a faculdade será útil apenas para trabalhos específicos, nem sempre sendo necessário comprar livros. Há alternativas gratuitas, como os empréstimos na biblioteca do campus ou as consultas a bibliotecas virtuais; ou opções mais baratas, como as tradicionais fotocópias.
DIVERSÃO
Baladas são tentações difíceis de resistir quando se sabe que os amigos de turma estarão todos reunidos, mas, em geral, são ocasiões de interação que podem ser substituídas por alternativas mais baratas, como um churrasco na casa de alguém. Dependendo da balada, é possível gastar uma fortuna em apenas uma noite e esse dinheiro certamente fará falta na hora de arcar com despesas prioritárias. As sessões de cinema não precisam ser completamente dispensadas, mas é possível planejar melhor o dia, horário e local onde assistir ao filme. Entre as sessões noturnas do fim de semana e as matutinas em dias úteis, a diferença de preço pode chegar a R$ 10 em Curitiba.
HÁBITO
O professor Fábio Tadeu Araújo é enfático ao afirmar que nenhuma orientação financeira funciona se o estudante não mudar seus hábitos. Quem deseja investir o dinheiro na vida acadêmica e profissional, especialmente se tem um rendimento mensal baixo – situação típica de universitários que dependem de bolsas de estágio ou ajuda dos pais –, deve entender que o primeiro passo para fazer o dinheiro sobrar é assimilar a ideia de que qualquer quantia é importante e passar a tratar a própria renda com mais cuidado. A sugestão pode parecer óbvia, mas Araújo exemplifica como é comum a relativização do valor dado ao próprio dinheiro. “Quando temos uma nota de R$ 100, a mantemos na carteira por um bom tempo porque, se você a perder, a noção de prejuízo é bastante clara. Mas, assim que você troca essa nota por outras menores, resultando em R$ 99, você gasta esse dinheiro num instante”, diz. Por isso, acima de qualquer outra estratégia, o sucesso em economizar não depende tanto de contas, mas sim de comportamento.
TRANSPORTE
Outra despesa pesada aos estudantes, especialmente aos que moram longe do seu campus, é o valor gasto em combustível. Segundo cálculos do professor Dalledone, um universitário que dirige 20 quilômetros diariamente, 20 dias no mês, chega a gastar R$ 310 em gasolina e estacionamento. Usando o transporte público, com a passagem a R$ 2,60, a despesa cai para R$ 104. No entanto, para o professor Araújo, antes mesmo do cálculo dos prejuízos com gasolina, um universitário deve se perguntar se é mesmo necessário possuir um automóvel nessa época da vida. “Ter um carro envolve pagar seguro, manutenção, iPVa, revisões e eventuais batidas”, lembra. Portanto, para um aluno com renda comprometida, sacrificar o conforto de um automóvel pode ser extremamente benéfico para os investimentos acadêmicos.
ALIMENTAÇÃO
Apontada pelos especialistas como uma das principais causas de gastos desnecessários, a cantina é “a inimiga número um” das economias universitárias. Aparentemente inofensiva, a dupla coxinha com refrigerante, sempre presente nos intervalos, pode consumir valores espantosos no fim do mês – dinheiro que dificilmente os universitários estariam dispostos a pagar se sempre fizessem as contas. Quem almoça na universidade está sujeito a gastos ainda maiores. O professor Amilton Dalledone mostra que numa comparação com o preço médio das redes de fast food, onde um combo básico custa em torno de R$ 17, o aluno interessado em economizar pode deixar de gastar até R$ 15,70 se optar pelos restaurantes universitários (RUs), como os da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde a refeição custa R$ 1,30. No fim de um mês, contando apenas os dias úteis, essa diferença pode resultar em R$ 314, o preço de uma mensalidade de pós-graduação ou o suficiente para passagens aéreas de ida e volta de São Paulo, onde frequentemente ocorrem congressos acadêmicos.
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