07 de março de 2012 | 17h 27
MARIANA DURÃO - Agência Estado
O Brasil atingiu em 2012 o menor nível de desigualdade
desde 1960, apesar da crise na Europa. De acordo com a pesquisa "De
volta ao País do Futuro" do Centro de Políticas Sociais da Fundação
Getulio Vargas (CPS/FGV), o índice de Gini - que varia de 0 a 1, sendo
menos desigual mais próximo de zero -, caiu 2,1% de janeiro de 2011 a
janeiro de 2012, chegando a 0,5190.
A projeção da FGV é que a desigualdade continue se reduzindo ano
País, levando o índice a 0,51407 em 2014. "A má notícia é que ainda
somos muito desiguais e estamos entre os 12 países mais desiguais do
mundo. Mas a queda é espetacular e deve continuar", afirmou Marcelo
Neri, coordenador da pesquisa.
A FGV mostra que a renda familiar per capita média do brasileiro
cresceu 2,7% nos 12 meses encerrados em janeiro. É o mesmo crescimento
registrado de 2002 a 2008, período considerado uma era de ouro mundial, e
superior ao 0% de 2009, em função da crise financeira daquele ano.
A pobreza no País também caiu entre janeiro do ano passado e janeiro
deste ano: -7,9%, ritmo três vezes mais rápido do que da meta do milênio
da ONU. Isso depois de uma redução de 11,7% na pobreza de maio de 2010 a
maio de 2011, quando o Brasil crescia mais.
Segundo Neri, a redução da desigualdade foi fundamental para este
resultado na pobreza. Ele cita que na última década a renda dos 50%
mais pobres do Brasil cresceu 68%, enquanto a dos 10% mais ricos cresceu
apenas 10%.
Outra conclusão da pesquisa é que a população nas classes AB será 29%
maior em dois anos, enquanto a da classe C crescerá 11,9%. "Agora
falaremos da nova classe AB, como falamos da nova classe média", disse
Marcelo Neri, coordenador do estudo.
A projeção do CPS/FGV é que 60,1% da população brasileira estará na
classe C em 2014, ante 55% em 2011. De 2003 a 2011, mais 40 milhões de
pessoas chegaram à nova classe média e a expectativa é que serão mais 12
milhões até 2014, somando cerca de 118 milhões de pessoas. A
metodologia da FGV, que leva em conta a Pesquisa de Orçamento Familiar
(POF) do IBGE, classifica como classe C aqueles com renda familiar de R$
1.734 a R$ 7.475. O dado foi atualizado a preços de julho de 2011. A
classe AB chegará a 29,1 milhões, contra 13,3 milhões de brasileiros em
2003.
Já a população da classe DE - com renda de zero a R$ 1.734 - seguirá
se reduzindo, em consequência da queda da desigualdade e ascensão para
outros segmentos econômicos. A FGV calcula que ela sairá dos atuais 63,6
milhões de brasileiros para 48,9 milhões em 2014. No ano de 2003, a
base da pirâmide social brasileira tinha 96,2 milhões de pessoas.
"A crise não afetou esse movimento que teve Lula como pai e FHC como
avô, pela estabilização. E a educação foi o fator mais importante (para
essa migração)", disse Neri. Para o pesquisador, o governo Lula teve
sorte por ter enfrentado períodos de crise mundial quando a economia
estava superaquecida. As crises, avalia, frearam a economia e a inflação
antes do Banco Central agir. Apesar da redução da desigualdade e da
pobreza, Neri é taxativo ao afirmar que ela não será erradicada em 2014,
como promete o governo federal. "A pobreza não termina, apesar da meta
nobre", disse Neri.
Um comentário:
O Brasil esta evoluindo mas com esta evolução precisamos de mais gente com vontade e desposição para seguir em frente
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