Artistas durante um dos números de Varekai: ao todo, 56 deles dividem o palco em duas horas de apresentação
CIRQUE DU SOLEILTurnê de Varekai leva enorme estrutura a oito estados brasileiros. Apresentação chega a Curitiba em junho com ingressos entre R$ 140 e R$ 395.
Contêineres, tendas, 65 caminhões e mil toneladas de equipamentos. A estrutura monstro e itinerante, deslocada por oito estados, é a base que garante a realização de Varekai, apresentação do Cirque du Soleil em exibição no Brasil. Iniciada em agosto do ano passado, em São Paulo, a turnê está em cartaz em Recife e ainda passará por Salvador antes de chegar a Curitiba, no dia 15 de junho, onde ficará por um mês. Os ingressos para o público começaram a ser vendidos na semana passada e variam entre R$ 140 e R$ 395 a inteira.
Depois de ter os valores questionados pelo público e imprensa durante as apresentações de Quidam, em 2009, o circo demonstra confiança no sucesso da nova turnê no país e justifica a cobrança pelos altos custos da exibição. “Na época de Quidam tivemos problemas com a opinião pública quanto aos preços dos ingressos. Mas temos toda uma estrutura para manter, com artistas, músicos, técnicos e outros profissionais”, explica o gerente da companhia, Robert Mackenzie. Três anos depois, a polêmica continua, dessa vez em torno da taxa de conveniência, que desagradou parte dos pagantes devido aos valores considerados abusivos.
Opinião
Movimentos incríveis em uma narrativa desconexa
Em Varekai, o objetivo do Cirque du Soleil de fazer o público soltar um “uau” a cada número é, em boa parte, alcançado em suas duas horas de duração. O show tem a trama inspirada no mito grego de Ícaro, que tem a cera de suas asas derretida após um voo rumo ao sol, razão que o leva a cair em um vulcão habitado por seres fantásticos.
Embora se inspire no circo contemporâneo, em que a arte se encontra com o teatro e as novas tecnologias, a apresentação de Varekai se concentra no tradicionalismo dos picadeiros. E isso fica claro logo na chegada das pessoas à estrutura, a qual mantém os ares das tendas itinerantes.
Mas o que diferencia o circo dos demais é a grande produção e os números complexos. Os palhaços que aparecem de surpresa no início e que protagonizam outros números, por exemplo, são responsáveis por alguns dos momentos mais engraçados do show. Já os números aéreos, bonitos e elaborados, são bastante impressionantes, principalmente os que dispensam as redes de proteção. E os figurinos e efeitos de iluminação dão um toque de modernidade ao espetáculo.
No entanto, a continuidade da trama de Varekai acaba prejudicada pela tentativa de colocar diferentes elementos circenses num mesmo espetáculo. E a consequência disso é uma narrativa entrecortada por números desconexos do todo, o que põe a história de descoberta do protagonista de lado em detrimento dos movimentos, luzes e cores.
Entretanto, na estreia em São Paulo, onde o circo permaneceu por três meses, o espetáculo alcançou 200 mil espectadores, quase a metade do esperado para toda a turnê: 500 mil pessoas. E esse resultado se reflete na aposta feita pela companhia no Brasil e na América Latina. O país, que foi o ponto de partida para a turnê latino-americana de Varekai, receberá em 2013 uma nova apresentação do circo.
Babel artística
Para fazer a mágica dos palcos acontecer, o Cirque du Soleil conta com 56 artistas vindos de 19 países, que seguem uma disciplina rígida de treinamento. Todas as atividades são realizadas numa área que possui ampla estrutura móvel, formada por camarins, espaço para exercícios físicos e cozinha. Quatro professores são responsáveis por dar aulas aos filhos dos artistas, conforme o currículo escolar canadense – país de origem do circo –, e outros quatro cozinheiros ficam a cargo das 300 refeições para a equipe todos os dias. A companhia conta também com equipes médicas e nutricionais para garantir o bem-estar dos artistas.
A difícil tarefa de manter em pleno funcionamento tamanha fábrica de espetáculos está nas mãos da diretora artística assistente, Sheryl-Lynne Valensky. Atenta às necessidades dos artistas e da apresentação por até 12 horas diárias, ela conta que o show Varekai passou por algumas mudanças desde a sua criação, em 2002. “Novas tecnologias surgiram com o tempo, e nós fomos adequando a apresentação a essa realidade. Há características que são diferentes em relação ao começo, mas não esquecemos dos valores que queremos passar, de inspirar as pessoas e faze-las imaginar outras possibilidades”, acrescenta Sheryl.
Elogios
Empolgada com a presença da companhia em terras tupiniquins, a diretora elogia o público brasileiro, o qual considera um povo “educado nas artes circenses”. “A recepção aqui é incrível e muito melhor do que em outros países. Me parece que o brasileiro entende a complexidade dos números e o esforço dos artistas, que se sentem motivados a dar o melhor de si.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário