O Brasil tem 15,8% da população obesa. Nos EUA, campeão de sobrepeso, o índice é de 27,6%
SAÚDEEstudo mostra que proporção foi de 42,7% em 2006 para 48,5% em 2011. Hábito do tabagismo, por outro lado, continua em queda no país.
Uma pesquisa anual feita pelo Ministério da Saúde indica que o país manteve, em 2011, a tendência de crescimento do excesso de peso e da obesidade entre adultos – movimento que é observado desde 2006, quando o levantamento começou. Naquele ano, 42,7% dos adultos brasileiros registravam excesso de peso, entendido como Índice de Massa Corporal (IMC) de 25 ou mais. Em 2011, o levantamento identificou aumento dessa taxa para 48,5%. Os dados também mostram que Curitiba é a 8.ª capital com maior incidência de sobrepeso: 50% da população apresenta IMC igual ou maior do que 25 na capital paranaense.
De acordo com a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o porcentual de adultos obesos no país (IMC de 30 ou mais) também aumentou, passando de 11% em 2006 para 15,8% em 2011.
Paraná
Curitiba tem segundo pior índice de tabagismo
A situação de Curitiba é semelhante à do país quando se analisa o índice de pessoas com sobrepeso: 50% da população adulta da cidade tem IMC igual ou maior do que 25, o que coloca o município na oitava posição no ranking das capitais brasileiras com maior índice de sobrepeso. Com relação ao porcentual de adultos obesos, a capital paranaense fica na 12ª posição, com 16%.
Os dados sobre tabagismo, por outro lado, mostram que Curitiba tem o segundo maior índice de fumantes entre as capitais, 20%. A pior taxa fica com Porto Alegre, onde 23% da população é dependente do cigarro.
A boa notícia é que as mulheres curitibanas estão entre as que mais se preocupam com exames preventivos de câncer de mama: 82% delas disseram ter feito a mamografia nos últimos dois anos, enquanto em Vitória, primeira colocada do ranking, o índice foi de 86%.
Menos cigarro
Porcentual de fumantes fica pela primeira vez abaixo dos 15%
Folhapress
Se o brasileiro mantém a tendência de aumento do peso, por outro lado, continua em queda o hábito do tabagismo no país. Entre 2006 e 2011, o porcentual de fumantes no país caiu de 16,2% para 14,8%. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, elogiou os resultados e lembrou que é a primeira vez que o índice nacional fica abaixo dos 15%. “É uma queda importante e mostra a correção de algumas medidas do governo, do Congresso Nacional, [no sentido] de reforçar a luta contra o tabagismo’’, disse, ao destacar ações como a proibição de fumódromos e a criação de espaços livres do tabaco.
A queda, contudo, ocorreu apenas entre os homens (20% em 2006 e 18,1% em 2011). Entre as mulheres, um dos principais alvos atuais da indústria do tabaco, o índice ficou estável, na faixa dos 12% e 13%. Ainda assim, a população masculina lidera a redução do tabagismo no país, já que 25% deles declararam ter deixado de fumar, contra 19% entre as pessoas do sexo feminino.
Instrução
Se for feito o corte por escolaridade, é possível perceber a presença mais forte do tabaco entre os menos instruídos. O porcentual de fumantes chega a 18,8% entre os brasileiros com até oito anos de escolaridade e cai para 10% entre os que têm 12 anos ou mais de estudos.
A disparidade entre pessoas com mais e menos escolaridade se repete em quase todos os hábitos analisados e é marcante quando referente à realização de exames preventivos, como a mamografia.
Entre mulheres de 50 a 69 anos com até oito anos de instrução, 68,5% afirmaram em 2011 ter realizado o exame nos dois anos anteriores. O índice chega a 87,9% entre mulheres dessa faixa etária com 12 anos ou mais de escolaridade.
A proporção total de mulheres que fizeram mamografia nos últimos dois anos subiu para 73,3%. A pesquisa mostra ainda que, nos últimos três anos, cerca de 80% das brasileiras fizeram o exame de citologia oncótica, mais conhecido como papanicolau, que ajuda no combate ao câncer de colo de útero.
IMC
O Índice de Massa Corporal é determinado pela divisão do peso do indivíduo (em quilogramas) pelo quadrado de sua altura (em metros). Se uma pessoa tem 68 kg e 1,65 m de altura, seu IMC é = 68 / (1,65)2 = 24,98.
O crescimento da obesidade e do excesso de peso é significativo tanto entre homens quanto entre mulheres e é visto como “preocupante” pelo ministério. “A notícia para olhar com atenção é que continuamos com crescimento [de sobrepeso e obesidade]. Não é abrupto, mas vemos o aumento de maneira sistemática e consistente”, afirmou ontem Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do ministério. Em 2006, 47,2% dos homens e 38,5% das mulheres estavam acima do peso, enquanto em 2011 as proporções passaram para 52,6% e 44,7%, respectivamente.
O levantamento revela que o excesso de peso na população brasileira também está ligado a fatores como idade. O envelhecimento, segundo o Ministério da Saúde, tem forte influência nos indicativos – sobretudo femininos. O estudo revela que 25,4% das mulheres entre 18 e 24 anos estão acima do peso. A proporção aumenta para 39,9% entre mulheres de 25 a 34 anos e chega a 55,9% dos 45 aos 54 anos. Entre os homens, o problema do excesso de peso começa cedo e atinge 29,4% dos que têm entre 18 e 24 anos. Entre homens de 25 a 34 anos, o índice quase dobra, chegando a 55%. Dos 35 aos 45 anos, o porcentual é de 63%.
Alimentação
O estudo indica ainda que a população brasileira se alimenta de forma inadequada e consome gordura saturada em excesso. Dados mostram que 34,6% não dispensam carne gordurosa, enquanto 56,9% das pessoas bebem leite integral regularmente. Outro fator preocupante é o consumo de refrigerante – 29,8% dos brasileiros tomam a bebida pelo menos cinco vezes por semana.
Ao mesmo tempo, a pesquisa Vigitel mostra que o consumo de frutas e hortaliças no país é baixo. Apenas 20,2% das pessoas ingerem cinco ou mais porções por dia, quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O ministro Alexandre Padilha rejeita a tese de que o fator determinante para o aumento das taxas de obesidade e sobrepeso tenha sido a melhoria econômica brasileira e, consequentemente, o ganho de poder aquisitivo pelas famílias. “O hábito alimentar nos últimos seis anos não mudou. Não foi nesse período que aumentou o consumo de leite com gordura, carne com gordura”, disse Padilha. “Agora é a hora de virar o jogo se não quisermos chegar aos patamares do Chile, da Argentina e, muito menos, dos Estados Unidos.”
Enquanto o Brasil tem 15,8% da população obesa, o Chile tem 25,1%, a Argentina tem 20,5% e os Estados Unidos, 27,6%.
O inquérito por telefone ouviu 54.144 pessoas com 18 anos ou mais em 26 estados, durante o ano de 2011. O objetivo é identificar hábitos de vida que podem ter impacto na saúde pública.
Consumo de álcool cresce com escolaridade
O levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde mostra que o consumo abusivo de bebida alcoólica (ingestão em uma mesma ocasião de quatro ou cinco doses para mulheres e de cinco ou mais doses para homens) é maior entre pessoas com mais de 12 anos de estudo do que entre os que estudaram até oito anos: 20,1% e 15,9%, respectivamente. As informações são da Agência Brasil.
A pesquisa Vigitel aponta que, na população feminina, o índice de consumo abusivo varia de 11,9% entre as mulheres que frequentaram a escola durante 12 anos ou mais a 7,6% entre as que têm até oito anos de estudo.
De acordo com o Minsitério da Saúde, ao considerar a população em geral, sem distinção de sexo, a frequência no consumo de bebidas alcoólicas é 17% e não sofreu variação significativa desde a primeira edição do estudo, em 2006. A proporção entre os homens, em 2011, é quase três vezes maior do que entre as mulheres – 26,2% e 9,1%.
Em relação à idade, a frequência de consumo abusivo de bebida alcoólica é maior entre os jovens de 18 a 24 anos (20,5%). Na população com idade igual ou superior a 65 anos, o índice cai para 4,3%.
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