Alunos jovens e mais velhos que estudam juntos têm a chance de aproveitar o convívio para o crescimento pessoal.
Aos 72 anos, Juvenal Nelech está perto de se formar em Direito pela Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter). É sua segunda faculdade, mas é a primeira vez que colegas de classe têm idade para serem seus netos. Ele afirma que tinha consciência dos desafios que o choque de gerações poderia gerar, mas conta apenas fatos positivos desse convívio e diz que adora aprender com os mais jovens, sejam os colegas ou os professores.
Apesar da tranquilidade de Nelech ao falar do cotidiano em sala de aula, a presença de alunos de idade tão diferente em relação aos demais exige amadurecimento de toda a turma e, embora situações desconfortáveis possam ocorrer, tratase de uma excelente oportunidade para desenvolver habilidades de relacionamento.
Enriquecimento
O que cada geração ganha com o convívio:
Mais velhos
>>> Podem pegar para si um pouco do entusiasmo típico dos mais jovens e usar essa energia para traçar novos objetivos.
>>> Atualizam-se sobre o que se fala de mais novo em cada área.
>>> Aprendem a usar ferramentas digitais essenciais a quem é acadêmico hoje.
>>> Podem alertar e aconselhar quem ainda não passou pelas mesmas experiências.
Mais novos
>>> Podem tirar lições de vida das experiências contadas pelos mais velhos.
>>> Treinam a habilidade de lidar com pessoas que podem ter a mesma idade dos futuros chefes ou colegas no mercado de trabalho.
>>> Podem buscar, com pessoas que já passaram pela graduação, conselhos práticos sobre problemas acadêmicos.
>>> Têm a oportunidade de ensinar aos mais velhos conhecimentos básicos às novas gerações, como navegar na internet.
“Eu entendo que eles agem numa velocidade diferente da minha, eles me entendem e respeitam muito. Estão sempre lá em casa tomando cerveja”, conta Nelech. Ele admira a vontade de vencer dos colegas, mas, sem menosprezálos, afirma que em muitos momentos a experiência lhe permite ter um melhor aproveitamento das aulas.
Embora não faça parte da geração mais nova da turma, Wellington Delgado Barbosa, 30 anos, conta que o convívio com pessoas mais velhas é enriquecedor. “Nas rodas de conversa ficam todos bem misturados, participam os que têm 19, 30, 40 ou 72.” A boa convivência, entretanto, não impede que alguns comportamentos incomodem algumas vezes. “Às vezes, a indisciplina do pessoal que acabou de sair do ensino médio atrapalha, mas isso é só no primeiro período”, diz Barbosa.
Renovação
Para alguns, lidar com a diferença de gerações pode suprir a necessidade de quem busca mudanças na vida. Foi o caso da professora aposentada Célia Gonçalves Gouveia, 61 anos. Pouco depois de se aposentar, Célia voltou para a graduação em 2008. Estuda Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná. Após enfrentar uma depressão severa, ela buscou desafios que dessem um novo ânimo à vida. “Senti a necessidade de conviver com pessoas ativas e dinâmicas, gente jovem. Convivi com essa faixa etária durante muito tempo como professora”, conta. O próximo passo é partir para o doutorado.
Obstáculos no aprendizado são superados rapidamente adaptação
Há diferenças no aprendizado de alunos de gerações distintas, mas, em geral, elas são superadas em pouco tempo. É o que explica o psicólogo Alfredo Hauer Júnior, professor do curso de Psicologia na Faculdade Evangélica do Paraná. Ele diz que alunos com mais idade tendem a enfrentar dificuldades com o mundo virtual. “É complicado para alunos com mais de 50 [anos] se adaptarem às opções de intranet, envio de arquivos por e-mail ou montagem de apresentações em Power Point”, diz. Entretanto, completa o professor, durante as aulas, a experiência de vida lhes rende uma compreensão bem mais abrangente dos temas.
Hauer Júnior afirma ainda que a presença de pessoas de variadas idades em sala de aula representa melhor a realidade do mercado de trabalho. “Além de assimilar o conteúdo, o estudante aprende a se relacionar com quem tem uma vida diferente da dele”, diz.
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