Baixa frequência estaria ligada à falta de investimentos
LETRAMENTOPesquisa no Rio de Janeiro tenta responder por que brasileiros vão tão pouco a salas de leitura, como aponta Instituto Pró-Livro.
A última edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, recém-publicada pelo Instituto Pró-Livro, revelou que 75% dos brasileiros não frequentam bibliotecas. Para entender as razões que afastam os cidadãos dos livros, repórteres do jornal O Globo fizeram um teste em 10 das 27 bibliotecas públicas municipais do Rio de Janeiro. O critério de avaliação seguiu uma lista de dez títulos fundamentais elaborada pelo crítico literário Antonio Carlos Secchin. O resultado foi desanimador: apenas a Biblioteca Popular Municipal de Botafogo foi aprovada.
A biblioteca tem nas estantes obras dos dez autores apontados como fundamentais: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa. Shakespeare, Charles Baudelaire, Dostoiévski, Marcel Proust e Fernando Pessoa. A biblioteca do Leblon não passou por pouco no teste: não tem apenas Baudelaire. Já a Biblioteca Popular Municipal Cruz e Souza, em Bangu, teve o pior desempenho, com a ausência de obras de Baudelaire, Proust e de Vidas Secas e São Bernardo, de Graciliano Ramos.
O problema das bibliotecas está longe de se restringir ao tamanho do acervo. Mais da metade das bibliotecas visitadas não tem um computador disponível para acesso à internet. Outras ficam longe da área central do bairro. A falta de atividades culturais e a demora em catalogar novas obras também tendem a afastar os leitores.
Os contrastes entre a biblioteca aprovada no teste e a que teve o pior resultado também são gritantes. A de Botafogo oferece local para estudo em grupo e mesas individuais, além de computador para pesquisas na internet. No local, também são realizadas atividades culturais gratuitas, e ministrados cursos de idiomas a preços mais acessíveis. Em Bangu, a biblioteca teve que fechar mais cedo por causa de um problema no fornecimento de água na última terça-feira, dia em que foi realizado o teste. Como lá não há acesso à internet, os usuários levam seus próprios notebooks.
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