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sábado, 12 de maio de 2012

Aluguéis sobem 13%; inadimplência dispara


Daniel Castellano/ Gazeta do Povo / Apartamento para alugar: imobiliárias investem na conciliação para não deixar imóveis vaziosApartamento para alugar: imobiliárias investem na conciliação para não deixar imóveis vazios
MERCADO IMOBILIÁRIO

Porcentual de mensalidades em atraso foi de 3,2% para 5,2%. Empresários do setor temem ser afetados por um aumento generalizado no calote.

A inadimplência no pagamento de aluguel entre os meses de fevereiro e março aumentou 61,53%. O índice de atraso maior que 30 dias no pagamento passou de 3,2% para 5,2%. Foi a primeira vez o índice cresceu, desde 2010. Para as entidades do setor, aumento foi pontual e ainda não representa uma tendência. No entanto, o atraso no pagamento de outras esferas do varejo pode influenciar o pagamento do aluguel.
De acordo com dados da Serasa Experian, a inadimplência do consumidor entre fevereiro e março também aumentou. A alta foi de 4,9%. Foi a primeira elevação do ano, de acordo com a entidade. “Não somos uma ilha. Se houver inadimplência generalizada, nós também seremos afetados”, comenta Luiz Valdir Nardelli, presidente do Secovi. Para ele, o aumento em um mês não é representativo, mas reflexo de uma situação específica. “Em janeiro e fevereiro há muitos gastos extras, como impostos e viagens, e achamos que o pessoal pode ter se apertado”, comenta.
Precauções
Imobiliárias antecipam cobrança e aumentam rigidez no cadastro
Não foram todas as imobiliárias que sentiram o atraso no pagamento dos aluguéis. A severidade na hora de fazer o cadastro é a medida tomada pela maioria das empresas para evitar a falta de pagamento no futuro. “Nós somos rígidos para aprovar o cadastro e por isso não sentimos qualquer alteração nos últimos meses. Mas estamos preparados. Se a pessoa deixa de pagar o aluguel é porque já está devendo em outros lugares e temos a estratégia de chegar rápido ao inquilino para receber o quanto antes”, conta Marília Gonzaga, diretora da Imobiliária Gonzaga. Na empresa, três dias de atraso já são suficientes para que o setor de cobrança procure o locatário.
O setor de aluguel da Habitec sentiu o atraso no pagamento nos imóveis comerciais. “Foi de fevereiro para março. Alguns clientes que nunca haviam atrasado, que não tem histórico de falta de pagamento acabaram atrasando”, comenta Sariva Lima, gerente de locação da empresa. A imobiliária optou por negociar com os clientes inadimplentes. “Estamos tentando entender o que aconteceu para o atraso, para evitar chegar até o jurídico e manter o contrato”, explica. (TB)
Preço sobe em busca de mais rendimento
Apesar do aumento no preço dos aluguéis, investir em imóveis para locação pode não ser a melhor escolha para quem procura rentabilidade maior. Isso porque, quando comparado com outros investimentos de renda fixa como, por exemplo, títulos públicos do tesouro, fundos de investimento ou debêntures, o aluguel tem se desvalorizado como investimento. Segundo o economista Luciano D’Agostini, doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a rentabilidade do aluguel – de 0,5% ao mês, que equivale a 6,17% ao ano – em comparação com o preço total do imóvel tem diminuído bastante ao longo do tempo, desvalorizando o investimento de quem compra imóveis para locação. “Uma pessoa que adquire um imóvel por R$1 milhão dificilmente conseguirá alugá-lo por R$ 10 mil, valor que equivale a 1% do valor total”, explica. Para D’Agostini, o aumento dos aluguéis é uma tentativa de elevar essa rentabilidade defasada. “É importante ressaltar que o preço dos aluguéis tem uma importante restrição que vem do salário dos trabalhadores, que não cresceu no mesmo patamar”, diz. O reflexo desse desequilíbrio é o crescente índice de endividamento das famílias, que ocorre paralelamente ao aumento da inadimplência, alerta o economista. (CJ)
O endividamento já compromete 42,87% da renda das famílias, de acordo com dados de 2011 do Banco Central. “A realidade do último mês, levando em conta o pagamento do aluguel, só comprova que a inadimplência está em níveis de alerta. As famílias estão endividadas e não conseguem arcar com todas as despesas”, comenta Luciano D’Agostini, economista e doutor em desenvolvimento econômico. Para ele, a falta de pagamento reforça que o preço do aluguel tem um limite. “A inflação dos aluguéis não combina, a longo prazo, com a inflação dos salários, ou seja, não tem uma relação de equilíbrio. Se a taxa de crescimento da inflação dos alugueis for maior do que o salário dos trabalhadores ano a ano, chegará um momento que não haverá renda salarial suficiente para pagar o aluguel”, explica.
O acumulado dos últimos 12 meses aponta uma elevação de valores que ultrapassam os índices da inflação, da qual o valor do aluguel está indexado. Nas locações de imóveis residenciais, o preço do aluguel subiu 11,04%. Nos comerciais o aumento chegou a 15,91%. A alta dá sinais de arrefecimento. Desde janeiro, esse índice tem sido menor e baixou 1,78% entre março e fevereiro. “Nossa expectativa para 2012 é que os preços se acomodem. Eles aumentaram muito durante o ano passado, porque havia um desajuste com relação ao preço para compra e venda”, explica Nardelli.
A possibilidade de um aluguel caro ter gerado a falta de pagamento não é levada em conta pelo Secovi. “Quem pagou um valor de aluguel em janeiro deveria conseguir pagar em março. Por isso é que a situação não deve ser corriqueira”, defende.
Tendência
No entanto, para o Secovi, apenas se o índice de inadimplência continuar aumentando nos próximos meses é que haverá motivo para preocupação. “Nos últimos dois anos, é a primeira vez que a inadimplência sobe. Se, no próximo mês, não retornar aos patamares costumeiros, aí sim podemos falar que a inadimplência será um problema para o setor de locação”, afirma Nardelli.
A média de inadimplência vem caindo nos últimos três anos. Em 2009, ficou em 3,3%; em 2010, 2,5% e 2,1% em 2011. “Nossa série histórica mostra que a tendência é de estabilidade ou queda. Não é um mês diferente que vai deixar o mercado alarmado”, considera.
A Lei do Inquilinato, que mudou em 2010, tornou mais ágil a ações de cobrança e despejo. “A regra está mais severa e ninguém quer o despejo. Por isso,achamos que a inadimplência não vá continuar”, diz Nardelli.


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