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terça-feira, 8 de maio de 2012

Porto no limite


Daniel Castellano/Gazeta do Povo / Apenas três navios por vez podem atracar para carregar soja em Paranaguá e o trabalho leva até cinco dias mesmo com tempo bom. Com a chegada de novas embarcações, fila tende a aumentarApenas três navios por vez podem atracar para carregar soja em Paranaguá e o trabalho leva até cinco dias mesmo com tempo bom. Com a chegada de novas embarcações, fila tende a aumentar
LOGÍSTICA

Comercialização acelerada cria fila de 51 navios em Paranaguá. Espera chega a um mês, o dobro do tempo necessário para atravessar o Atlântico.

O aumento de 67% na exportação de soja em grão no primeiro quadrimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, está obrigando o Porto de Paranaguá a trabalhar no limite para atender a alta demanda internacional. O terminal por onde escoa um quarto de toda a oleaginosa brasileira registra filas de mais de 50 navios aguardando para atracar. Sem a estrutura necessária para atender aos contratos internacionais em curto prazo, o tempo de espera para embarcar o produto é, em média, de 20 dias, podendo ultrapassar um mês.
Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Daniel Castellano/Gazeta do Povo / Carregadores de grãos operam dia e noiteAmpliar imagem
Carregadores de grãos operam dia e noite
Investimento
Ampliação vai depender de recursos federais
A fila de navios à espera para atracar expõe um problema antigo do Porto de Paranaguá. A falta de investimento em infraestrutura continua sendo o principal gargalo de um dos maiores portos graneleiros do Brasil. A expectativa é de que parte do dinheiro necessário para modernizar a autarquia seja liberado pelo governo federal por meio do Plano de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) estima que são necessários cerca de R$ 2 bilhões para realizar todas as benfeitorias, mas não dispõe dos recursos.
“O aumento da produtividade é o que tem que ser atacado em Paranaguá. O ideal é uma capacidade de operação muito maior”, diz o assessor da Federação de Agricultura do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo.
A Appa planeja aumentar em 30% o potencial do atual corredor de exportação por meio da modernização dos equipamentos. A capacidade de embarque atual é de 9 mil toneladas/hora. Ao trocar de algumas peças dos seis shiploaders (carregador de navios), elevaria a capacidade individual do maquinário de 1,5 mil para 2 mil toneladas/hora. “Muitas máquinas são obsoletas. Tem que modernizar”, aponta Camargo.
Outra reivindicação dos exportadores é a construção de novos berços de atracação. Existe um projeto para instalação de um píer formando uma espécie de “T” avançado no mar e perpendicular aos berços atuais. Ao invés de três, sete navios poderiam atracar ao mesmo tempo para carregar grãos.
A administração da autarquia também estuda propostas para a cobertura dos berços do corredor de exportação. A proteção evitaria que o trabalho de carregamento dos navios fosse paralisado ao primeiro aguaceiro. O mau tempo é o maior responsável por perdas de prazos e de qualidade das cargas a granel.
Ontem, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) registrava 16 navios atracados, 51 ao largo – quando a embarcação está esperando para chegar ao cais. Outros 23 são esperados para as próximas 48 horas. Quase metade das embarcações na fila aguarda por um lugar no corredor de exportação de soja em grão e farelo de soja.
“Navio parado é navio com prejuízo. As embarcações precisam cumprir um calendário de chegada em outros portos do mundo conforme estipulado em contrato”, aponta Nilson Hanke Camargo, assessor técnico e econômico da Federação de Agricultura do Paraná (Faep). “Acima de 15 dias, os navios já querem ir embora.”
Além das perdas financeiras dos embarcadores, a estimativa de três semanas de espera para o início da operação de embarque estaria fazendo com que alguns exportadores excluíssem Paranaguá do roteiro. A opção é desviar os navios para outros portos como o de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
Apesar do período considerado longo, o diretor técnico do Porto de Paranaguá, Paulinho Dalmaz, acredita que a espera não irá afastar novos negócios do litoral paranaense. Segundo o executivo, o período está “dentro do histórico” da Appa. “No ano passado, a espera era de 25 dias. O histórico do porto mostra que sempre ocorre um grande período de espera nesta época do ano”, diz. “Fizemos melhorias significativas na estrutura e logística e, após anos, os exportadores estão voltando”, rebate.
O gerente do terminal portuário Cotriguaçu – que faz parte do corredor de exportação de Paranaguá –, Rodrigo Buffara Coelho, reconhece a melhoria logística que ocorreu no último ano. Porém, destaca que é preciso investir para aumentar os negócios. “Hoje [o Porto de Paranaguá] está operando no limite. A disciplina logística imposta pela administração melhorou as coisas. Mas é preciso investir na infraestrutura para dar um salto maior”, explica.
Exportação
De acordo com dados da Appa, o Porto de Paranaguá embarcou 2,9 milhões de toneladas de soja em grão e 1,7 milhão de toneladas de farelo da oleaginosa para o exterior no primeiro quadrimestre, crescimento de 67% e 22% em relação aos primeiros quatro meses de 2011.
A alta nas exportações é reflexo da valorização da oleaginosa no mercado internacional. Com a saca de soja beirando os R$ 60, os produtores estão vendendo de forma acelerada, principalmente para a China, maior comprador mundial da commodity.
Os preços internos são melhores devido também à valorização do real frente ao dólar. Parte dos produtores está antecipando inclusive a venda da safra 2012/13. Se a comercialização antecipada se repetir, o mesmo quadro de concentração do escoamento no início do ano será enfrentado em 2013.
“É uma equação de vários fatores. O dólar alto, preço bom, fatores climáticos que estão ajudando e permitem o carregamento, Paranaguá escoando parte das safras de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, isso tudo forma o cenário ideal para exportação”, aponta Coelho.
Drama coletivo
Santos (SP) e Rio Grande (RS) também enfrentam filas e lentidão
Nos outros dois mais importantes portos exportadores de soja do Brasil, Santos (SP) e Rio Grande (RS), as embarcações com contrato para carregar esperam menos tempo do que em Paranaguá para realizar o serviço e seguir viagem. A diferença chega a uma semana.
Ontem, no site da autoridade portuária de Santos era possível verificar 34 navios atracados e 126 esperados nos próximos 30 dias, sendo a maioria para carregar contêineres, principal carga movimentada na autarquia. A administração do Porto não soube informar qual o tempo médio de espera. Porém, com base nas informações do site, as embarcações para embarque de soja estão esperando, em média, 12 dias.
A espera nos terminais privados da autarquia do litoral paulista é ainda menor. Os navios com contrato aguardam, no máximo, cinco dias para levar a carga. “A fila é pequena e estamos cumprindo os contratos firmados no início do ano”, diz Marcos Khalil, gerente de operações do Terminal de Granéis do Guarujá (TGG), que exportou 6 milhões de toneladas em 2011, incluindo soja, milho e farelo de soja. “Difícil saber agora quanto será exportado esse ano”, complementa.
Concentração
No Porto de Rio Grande, no litoral gaúcho, não foi possível estimar quantos dias aos navios esperam para carregar soja. O site da administração portuária não traz a informação e a assessoria de comunicação apenas informou que “30 navios atracaram no porto para realizar a exportação de soja em grão e farelo no primeiro trimestre”. Segundo informações, foram exportadas 293 mil toneladas de soja em grão nos três primeiros meses do ano, com crescimento de 44,64% em relação a 2011.
ECONOMIA | 1:47

Exportação de soja cria fila de navios em Paranaguá

O terminal por onde escoa um quarto de toda a oleaginosa brasileira registra filas de mais de 50 navios aguardando para atracar. Espera chega a um mês, o dobro do tempo necessário para atravessar o Atlântico.

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