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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Quando o diretor da escola é líder


Fernanda Amaral / Divulgação Itaú Social / Irma Zardoya, presidente da Academia de Lideranças de Nova York, explica como funciona o treinamento de diretores de escolas públicas na cidade americanaIrma Zardoya, presidente da Academia de Lideranças de Nova York, explica como funciona o treinamento de diretores de escolas públicas na cidade americana
CICLO DE DEBATES

Quando o diretor da escola é líder

Academia de Nova York consegue reverter péssimo desempenho de alunos de periferia com a gestão profissional das escolas. Modelo serviu de base para uma discussão sobre a gestão do ensino nas escolas brasileiras.
Profissionalidade na gestão. Essa foi a causa da melhoria do desempenho de alunos de escolas públicas problemáticas na periferia de Nova York. Graças à implantação de uma academia para os novos diretores de escolas em 2003, os índices de rendimento em Inglês e Matemática dessas instituições, que estavam muito abaixo da média, melhoraram e nivelaram-se com os de outras boas escolas da cidade. A iniciativa foi apresentada nesta segunda-feira (28), em São Paulo, por Irma Zardoya, presidente da Academia de Lideranças de Nova York, durante o Ciclo de Debates Gestão Educacional promovido pela Fundação Itaú Social. O evento contou ainda com um debate com outros educadores brasileiros sobre as possibilidades de adoção de sistemas similares do modelo americano no Brasil.
Seguindo os meios de seleção empresariais, a academia novaiorquina implantou um recrutamento rigoroso para a atração e capacitação de diretores que fossem líderes, explicou Irma. O programa é comparável ao de um trainee de uma grande multinacional: os novos diretores só assumem a posição após 14 meses de treinamento, com simulações de situações reais do cargo. Durante esse processo, aqueles que não forem considerados aptos podem ser dispensados a qualquer momento. Depois de formados, os novos diretores contam ainda com um “coach”, ou seja, um diretor experiente que os acompanha por um ano, que dá dicas de como melhorar o trabalho ou resolver desafios do cotidiano.
“Pesquisas apontam que o segundo elemento mais importante em uma escola, depois do professor, é o diretor”, afirmou Irma. “Com essa visão clara e o apoio político, decidimos contratar diretores capazes de exercer uma liderança plena nas escolas e, com isso, conseguimos melhorar os resultados acadêmicos das escolas mais vulneráveis”, relatou. No último ano, a Academia formou 423 profissionais. Em 2010-2011, 89% de ex-alunos ocupavam cargos de liderança no departamento de educação da cidade de Nova York, órgão similar às secretarias de educação no Brasil, e 65% deles eram diretores de escolas públicas.
Brasil
As dificuldades de implantação de um sistema similar no Brasil são enormes, analisou Maria Helena Guimarães de Castro, especialista em Educação e coordenadora do núcleo de Educação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), durante o debate realizado no evento. Em primeiro lugar, pontuou, é difícil fechar parcerias para tal fim com as universidades brasileiras, que são resistentes a modelos de mercado e “bastante politizadas”. Em segundo lugar, o investimento necessário para manter uma academia desse porte é alto para os padrões nacionais. De acordo com os dados apresentados, a iniciativa americana contou com a vontade política do prefeito Michael Bloomberg e o investimento inicial de US$ 86 milhões de 2003 a 2007, sem contar com fortes repasses anuais feitos pela prefeitura desde então.
A solução apontada por Teca Pontual, gerente de projetos da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, seria encontrar sistemas parecidos, menos caros. “No Rio de Janeiro, como em todo o país, não temos nada parecido com a academia, com treinamento de profissionais antes do início das atividades na escola. Por outro lado, tentamos sanar essa lacuna oferecendo treinamentos a distância, por meio de cursos on-line, que têm ajudado a melhorar a qualidade de gestão nas nossas escolas”, simplificou.
Sobre a procura de alternativas mais baratas à academia, que pudessem ser adotadas no Brasil, Irma lembrou que em outras regiões dos Estados Unidos, em que o modelo da academia de Nova York também é considerado caro, o programa do instituto é adaptado às circunstâncias locais. “O modelo de Nova York é mais caro, sem dúvida, mas outras cidades dos Estados Unidos, com aparentemente menos recursos, conseguem adaptá-lo com o financiamento que têm disponível.”
Para mais informações, acesse o site da academia de Nova York.

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