Campus do Facebook, na Califórnia. Rede está trás de uma nova maneira de incentivar leitura
COMPARTILHAMENTOFacebook muda estratégia de leitura
Rede social abandona “artigos lidos recentemente” e testa nova ferramenta, chamada “trending articles”, os artigos mais lidos.
A primeira página que aparece quando abrimos o Facebook, conhecida como feed de notícias, é como se fosse a primeira página de um jornal. Ela é a mais importante para a empresa e também para qualquer pessoa ou marca que queira aparecer na rede social. Estar no feed de notícias é como estar num espaço com uma audiência em potencial de 900 milhões de pessoas. O que aparece ali pode valer muito dinheiro, dependendo de como o algoritmo do Facebook decide ou não dar destaque para um conteúdo específico. É também de fundamental importância para o próprio Facebook: quanto mais a página prender a atenção do usuário, mais ele vai ficar logado dentro da rede social.
Nos últimos tempos, o feed de notícias vem sofrendo mudanças importantes, especialmente desde o anúncio do redesenho do Facebook e da chegada da Timeline, em setembro do ano passado. Uma das alterações mais polêmicas foi a maneira com que as histórias lidas pelos usuários passaram a ser repassadas para os colegas. Uma nova ferramenta, chamada de “frictionless sharing”, ou compartilhamento sem fricção, partiu do pressuposto de que o compartilhamento de notícias lidas ou vídeos assistidos não mais precisaria ser um ato completamente deliberado – bastaria instalar um aplicativo de leitura social de terceiros, como o do Washigton Post, Yahoo ou Guardian, e os artigos lidos seriam automaticamente compartilhados com os amigos.
Limpandos os apps
Aprenda algumas maneiras de limpar o Facebook dos aplicativos e permissões que você instalou, ou siplesmente como eliminar o “trending articles” do seu feed de notícias.
“Trending articles”
- Para sumir com os trending articles, é preciso usar os navegadores Firefox ou Chrome e ter a extensão Stylish instalada. No Firefox, a extensão pode ser encontrada nesse link
- Depois disso, basta baixar um script feito para o Stylish. Clique no seguinte link e depois em” instalar”.
Apps
- Entre na página do Facebook e clique na seta ao lado do seu nome, no canto direito superior, e escolha a opção “configurações de privacidade”.
- Desça até “Aplicativos e Websites” e clique em “Editar configurações”.
- A lista com todos os aplicativos e permissões do uso do Facebook em outros sites pode ser visualizada. Para deletar, basta clicar no ‘x’.
900 milhões
de pessoas é a audiência em potencial de qualquer destaque que esteja no feed de notícias do Facebook. O que aparece ali pode valer muito dinheiro, dependendo de como o algoritmo do Facebook decide ou não dar destaque para um conteúdo específico. É também de fundamental importância para o próprio Facebook: quanto mais a página prender a atenção do usuário, mais ele vai ficar logado dentro da rede social.
Esses aplicativos tiveram uma grande adesão logo que foram lançados, graças à possibilidade de se propagarem pelo feed de notícias dos usuários. Sempre que alguém clica no link de uma notícia do tópico “artigos lidos recentemente”, ele não é diretamente direcionado para a notícia, mas sim para uma página que pede autorização para a instalação de um aplicativo (na foto, a autorização para o app do Yahoo). Uma vez instalado, os artigos lidos passam então a serem compartilhados com os amigos. Quando esses tentam ler o artigo, também caem na página do pedido de autorização, e assim sucessivamente, fazendo com que o número de pessoas instalando o aplicativo crescesse exponencialmente.
Mais de 21 milhões de pessoas baixaram o aplicativo do Washigton Post, sendo que 50% delas moram fora dos EUA e 75% tem menos de 35 anos, uma mudança grande no perfil do leitor do jornal.
Debandada
Nas últimas semanas, porém, de acordo com o site AppData, que coleta dados sobre aplicativos no Facebook, milhares de pessoas passaram a desinstalar essas ferramentas de leitura social. O próprio Washington Post perdeu 4,3 milhões de usuários. O Terra viu uma redução de 6 milhões para 4,7 milhões no número de usuários. Outros aplicativos também viram quedas abruptas semelhantes.
Ainda não está claro o que causou esse desengajamento dos leitores. Uma hipótese é que o hábito de clicar no link das notícias lidas pelos amigos caiu em desuso porque ficou claro que as notícias compartilhadas não foram pensadas pelo usuário com esse propósito. Ao contrário da postagem de um link, em que o usuário se dá ao trabalho de encontrar o link e postar na sua página, sinalizando claramente para os amigos que aquela notícia pode ser interessante para eles, no caso do compartilhamento automático os usuários simplesmente aprenderam a ignorar o conteúdo e esse foi o motivo da debanda.
Outra hipótese é que o Facebook percebeu que o nível de engajamento com os aplicativos de leitura social estava caindo e resolveu mudar de estratégia, dando menos destaque para esses links. É o que defende Josh Constine, do site Techcrunch, um dos maiores blogs de tecnologia dos EUA. Ele afirma que uma queda tão abrupta em tão pouco tempo não pode ocorrer apenas por uma mudança de comportamento dos usuários. Normalmente, isso levaria tempo. Segundo ele, o Facebook passou a dar menos destaque para os “artigos lidos recentemente” para testar uma nova ferramenta de leitura, chamada de “trending articles”, algo como as notícias mais lidas.
Ainda em fase de testes, muitos usuários já podem visualizar o “trending articles”. Dentro de um box cinza, aparecem o título de uma notícia, uma imagem associada a essa notícia e o usuário que a leu. Ao contrário dos “artigos lidos recentemente”, o “trending articles” também fica mais para baixo do feed, e não logo no início, chamando menos atenção.
Ainda não está claro de que maneira o Facebook determina o que vai parar no “trending articles” – em vários casos observados pela reportagem, os links eram de matérias antigas, de 2009 e 2010, e de um assunto bem pontual, como “Morre ator de Caras e Bocas” , uma notícia sobre a morte do ator Daniel Pacheco, em 2010.
O que está claro é que o Facebook está tentando achar uma maneira de compartilhamento de notícias que não sacrifique a experiência do usuário e agregue valor tanto para os usuários quanto para as empresas de mídia que apostam nos aplicativos dentro da rede social, diz Constine. “O Facebook tenta criar o feed de notícias mais agradável possível, com taxas de retorno maiores e com os anúncios que se seguem como um bom efeito colateral. Assim, apesar de o ‘artigos lidos recentemente’ terem garantido uma abundância de cliques para links pegadinhas como ‘A Snooki (americana que ficou famosa após participar de um reality show nos EUA) está grávida?’, ele pode não ter sido a melhor experiência para o usuário. E foi por isso que ele foi eliminado.”
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