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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Curitibano faz pouco exercício físico, mas está satisfeito com o seu corpo



Gazeta do Povo
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo / Adilson Pagan, professor de ioga, defende um estilo de vida saudável, com muita água e uma respiração corretaAdilson Pagan, professor de ioga, defende um estilo de vida saudável, com muita água e uma respiração correta
PESQUISA

A boa forma física é vista por 62% dos entrevistados como um fator indispensável para a saúde.

Modéstia à parte, o morador de Curitiba considera que está na medida certa e, portanto, não tem queixas do seu corpo. Foi o que demonstrou um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas feito na capital no final de abril com 450 entrevistados maiores de 16 anos. A pesquisa revelou, no entanto, hábitos preocupantes: 52% não fazem exercícios físicos e 46% não consomem frutas diariamente.
Segundo a pesquisa, 71% dos moradores da capital estão satisfeitos com o próprio corpo e apenas 20% admitem almejar alguma mudança, mas 42% confirmam estar um pouco acima do peso ou até mesmo obesos. A boa forma física é vista por 62% dos entrevistados como um fator indispensável para a saúde, no entanto, apenas 33% deles confirmam praticar algum exercício regularmente.
Mexa-se
Serviço público oferece programas e academias
Quem quer emagrecer com saúde ou precisa perder quilos por orientação médica encontra algumas alternativas no serviço público. O Ministério da Saúde lançou há um ano o programa Academias da Saúde e há propostas em execução no Paraná. A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba também dispõe de um programa de prevenção e de reeducação alimentar.
Como a obesidade e o sedentarismo estão entre os fatores de risco para a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis – como o diabetes e a hipertensão –, que são responsáveis por 72% das mortes no Brasil, o governo federal lançou no ano passado o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis no Brasil. O plano inclui um pacote com políticas públicas a serem desenvolvidas até 2022.
Entre as medidas está a criação de Academias da Saúde, que são espaços próprios para a prática de exercícios, orientação nutricional, dança e teatro. A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde explicou que 153 projetos já foram aprovados no Paraná. Por enquanto nenhum está em atividade.
Reeducação
Em Curitiba, os postos de saúde têm grupos de reeducação alimentar para pessoas com sobrepeso ou obesidade. Os grupos fazem parte dos Núcleos de Apoio em Atenção Primária à Saúde, que foram criados em 2009. Eles compreendem atividades de prevenção e de tratamento.
A coordenadora dá área, a nutricionista Ângela Lucas de Oliveira, explica que os grupos são divididos em faixas etárias e recebem a orientação de equipes multidisciplinares que contam com nutricionistas, profissionais de Educação Física, psicólogos, fisioterapeutas e farmacêuticos. Aproximadamente 2,3 mil pessoas já passaram pelo programa.
O que fazer?
Conheça algumas sugestões que podem ser praticadas no dia a dia.
- Hidratação: Beba muita água.
- Fibras: Coma pelo menos três frutas diferentes por dia.
- Na hora de comer: Ao fazer o prato siga duas orientações: divida o tamanho do prato em três partes, sendo duas partes menores e uma parte maior. Na maior coloque só verduras e legumes e nas menores coloque carne ou ovo e feijão, arroz ou massa. Tenha um prato colorido: com no mínimo cinco cores diferentes de alimentos.
- Exercício: Pratique por dia pelo menos 30 minutos de exercícios moderados ou 15 minutos de exercício intenso, como uma corrida. Mas antes consulte-se com um médico e faça uma avaliação prévia.
- Caminhada: Se não conseguir praticar exercícios regularmente, aumente a atividade física habitual, ou seja, se dedique mais aos trabalhos domésticos, suba mais um lance de escada, desça um ponto de ônibus antes, estacione o carro mais longe do destino e brinque com os filhos.
- Academia: Se for frequentar uma academia, procure uma mais perto de sua casa e, nos dias de muito frio, prefira horários alternativos à manhã.
Entre os motivos que levam os moradores de Curitiba a não adotarem hábitos que melhorem sua saúde física estão, principalmente, a falta de tempo. Mas a preguiça e a escassez de dinheiro vêm em seguida no rol das justificativas. Somente 11% dos entrevistados não pretendem mudar seu estilo de vida.
Apesar da boa auto-imagem do curitibano demonstrada pelo levantamento, a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde constatou, em 2011, que em Curitiba 50% dos pesquisados estão acima do peso, ou seja, com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25, o que coloca o município como a oitava capital brasileira com maior porcentual de moradores acima do peso. O IMC é calculado pela divisão do peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado.
Exemplo
O professor de ioga Adilson Pagan é vegetariano e praticante da ioga há 30 anos. Ele defende um estilo de vida saudável em meio à correria do cotidiano, o consumo abundante de água e uma respiração correta para manter uma vida saudável. “Eu acredito que a saúde depende muito do equilíbrio físico, mental e espiritual. Neste sentido, eu sinto que muitas pessoas estão desequilibradas”, aponta.
Desde os 17 anos Adilson aboliu a carne do seu cardápio e sente-se mais tranquilo e, ao mesmo tempo, animado para as atividades do cotidiano. Na ioga, ele encontrou a solução para os músculos. “A atividade física é de fundamental importância, mas é necessário trabalhar força, equilíbrio e flexibilidade. As pessoas procuram muito as academias em busca de força, mas só ela não é suficiente.”
Hábitos ainda precisam melhorar
A prática diária de exercícios e o consumo de uma dieta equilibrada são os ideais defendidos por um educador físico e uma nutricionista ouvidos pela reportagem. Para eles, o curitibano ainda precisa melhorar seus hábitos para ter mais qualidade de vida.
Conforme o Instituto Paraná Pesquisas, 52% dos entrevistados não fazem exercícios físicos, 46% não comem frutas diariamente e 34% não incluem verduras e legumes na alimentação diária.
O coordenador do depar­tamento de Esportes da Pon­tifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Car­los Py Flores, lembra que as porcentagens são preocupantes ao considerar que a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde levantou que 50% dos moradores de Curitiba estão com sobrepeso.
Para a nutricionista clínica do Conselho Regional de Nutricionistas Eda Maria Arruda Scur, é preciso ainda avaliar a qualidade do consumo de frutas e de hortaliças. “A pessoa pode comer uma folha de alface e uma fatia de tomate por dia e dizer que consome salada todos os dias.”
Barreiras
Flores é membro do Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida da PUCPR e diz que sete barreiras foram identificadas para favorecer o sedentarismo: o clima, a falta de segurança, a precariedade do entorno onde se pratica o exercício, a distância da academia ou do clube em relação à residência, a falta de tempo, a falta de dinheiro e, por último, o suporte social, que é a desmotivação de parentes e amigos. As barreiras, no entanto, podem ser vencidas.
“Se a pessoa tiver que pegar o carro e atravessar a cidade para ir a uma academia, por exemplo, ela vai desistir com o tempo. Por isso, é importante escolher algo perto de casa. É importante ela chamar um familiar ou um amigo para fazer o exercício, porque aí um ajuda o outro. Muitas pessoas usam a falta de tempo como desculpa, mas às vezes, passam horas em frente a um computador nas redes sociais”, comenta.
Eda lembra que é preciso livrar-se da tentação dos regimes milagrosos. “Eles podem até ajudar, mas sozinhos não mudam nada, é preciso ter uma alimentação bem equilibrada. O emagrecimento tem que ser saudável”, afirma.

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