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sábado, 10 de novembro de 2012

Bóson de Higgs não explica tudo”, diz cientista inglês


Toni Albir/EFE / Físico britânico Peter Higgs ao lado de uma escultura de Albert Einstein, na CosmoCaixa, em BarcelonaFísico britânico Peter Higgs ao lado de uma escultura de Albert Einstein, na CosmoCaixa, em Barcelona
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“Bóson de Higgs não explica tudo”, diz cientista inglês

Em viagem à Espanha, físico Peter Higgs fala sobre a partícula que leva seu nome e comenta a “higgsteria” no mundo da Física.
O físico britânico Peter Higgs disse que o bóson que leva o seu nome, formulado em 1964 e encontrado em 4 de julho pelo CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), “não explica tudo”, embora abra caminho para novas pesquisas sobre o cosmos.
Na entrevista, realizada na última terça-feira em Barcelona, Higgs reconheceu que o bóson mudou sua vida e falou sobre a “higgsteria”, o efeito da descoberta do bóson sobre o mundo da física.
Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN)/AFP
Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN)/AFP / Represen­tação de uma colisão de prótons durante a busca por bósonAmpliar imagem
Represen­tação de uma colisão de prótons durante a busca por bóson
O cientista britânico de Newcastle, nascido em 1929, viajou à Espanha pela primeira vez para explicar a denominada “partícula de Deus”, em uma conferência organizada pela Obra Social “La Caixa” e pelo Instituto de Física de Altas Energias (IFAE).
O pesquisador confessou que é impossível explicar o que é o bóson de Higgs – uma partícula subatômica que dá massa a outras partículas – a uma menina de 6 anos e propôs como analogia “uma refração de luz em um meio transparente”.
Higgs, que nunca usou e-mail, reconheceu que receber o Prêmio Nobel é “uma possibilidade concreta”, embora tenha opinado que possivelmente o comitê desse prêmio tem alguns “físicos conservadores” que não são partidários de concedê-lo ainda.
Com humildade, o físico lembrou que em 1964 formulou sua teoria de existência desta partícula e fez um breve escrito que não ocupava uma folha, que foi rejeitado por seu editor científico, embora sua segunda versão mais ampla tenha sido recolhida, aceita e publicada.
Embora tenha dito que não pode prever uma aplicação prática para o descobrimento, tanto Higgs como seu colega da Universidade de Edimburgo, Alan Walker, assinalaram que muitos descobrimentos, como a eletricidade e o eletromagnetismo, não tiveram aplicações sociais práticas por muitos anos.
Achado é só o começo de um novo caminho
Para o cientista Peter Higgs, o achado do bóson é o fim de um caminho na verificação do modelo-padrão, mas é o começo de um novo caminho que vai além deste modelo físico, que não explica tudo. “É necessário fazer uma análise mais profunda do bóson de Higgs e provavelmente serão reveladas estruturas mais amplas que se conectam com a cosmologia e a energia obscura do universo, que são fundamentais para a astrofísica e a cosmologia”, diz Higgs.
“O achado mudou minha vida porque há um ano não era chamado para dar nenhuma entrevista coletiva”, disse. “A publicidade deste fato foi incrível, por isso que me vejo incapaz de satisfazer todos os pedidos que me fazem.”
Seu colega e membro de sua equipe, Alan Walker afirmou que propuseram de tudo a Higgs, “exceto inaugurar um supermercado” e ressaltou que o físico “nunca utilizou um e-mail”.
O cientista lembrou que formulou sua teoria em 1964 porque, até então, ela era “incoerente”, e não descartou que possa haver mais partículas com massa e que estas sejam descobertas em novas pesquisas no LHC (Grande Colisor de Hádrons, em sua sigla em inglês) do CERN, situado em Genebra.

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