Grupo orientado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) se forma em dezembro
MOBILIZAÇÃOMultiplicadoras de cidadania e paz
Primeira turma do curso de Promotora Legal Popular capacita mulheres para combater a violência e fortalecer laços dentro da comunidade.
A promotora legal popular é uma liderança capaz de orientar sobre questões do cotidiano e Josinete Gomes da Silva, 27 anos, estuda para ser uma delas. Catadora de papel desde 2006, é integrante da Assembleia Popular e da Associação de Catadores(as) de Material Reciclável de Piraquara (Reciquara). Ativista social, em pouco mais de quatro meses de curso, percebe mudanças.
Histórico
Iniciativa surgiu com mulheres indígenas no Peru
A iniciativa de formar promotoras legais populares surgiu no Peru, na América Latina, pelas mãos da organização Flora Tristán, que realizava curso com mulheres indígenas na região. Em 1994, o Comitê Latino-Americano e Caribenho em Defesa dos Direitos das Mulheres (Cladem) trouxe a experiência para o Brasil. A ONG Themis, que atua na área de assessoria jurídica, foi a primeira organização brasileira a trazer a iniciativa para o país, em Porto Alegre (RS).
Em Curitiba, entre os temas discutidos durante os 20 encontros estão a discussão sobre gênero, feminismo, classe, raça, etnia, geração, sexualidade, aborto, exploração, enfrentamento à violência contra as mulheres e Lei Maria da Penha.
Na internet
Acesse http://plpscuritiba.wordpress.com para conseguir mais informações sobre o programa.
O fato de ter voltado a estudar lhe motivou a completar o ensino básico. Além dos bancos da UFPR, cursa a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O sonho é cursar uma faculdade relacionada com meio ambiente e resíduos sólidos.
E Josinete vai além. Quer propor a formação de núcleos em cada bairro e municípios da Região Metropolitana, a partir das facilitadoras treinadas pelo curso atual. A ideia é trazer o conteúdo aprendido para dentro das comunidades e criar uma rede de proteção cada vez mais ampliada. “Ser uma promotora legal popular nos dá autonomia e conseguimos ajudar às mulheres a dizer não à violência”, diz.
Assim como ela, a professora Lucilene Aparecida Soares, 34 anos, também acredita no poder da formação de um grupo ligado aos mesmos interesses. Formadora do Grupo de Teatro do Oprimido Nus Partus desde 1994, sempre esteve ligada às discussões de questões sociais. Aponta que é importante o conhecimento teórico, mas ressalta que a criação de um grupo de mulheres multiplicadoras serve para fortalecer o movimento contra a violência. “Não é só um curso, mas a constituição de um coletivo”, defende Lucilene.
A coordenadora do projeto em Curitiba, Paula Cozero, ressalta que o curso é apenas o início de um processo de conscientização. Para a advogada popular e mestranda da UFPR, as promotoras devem se articular na exigência de políticas e de melhorias nos órgãos de atendimento às mulheres vítimas de violência, por exemplo. “O intuito é que se crie uma referência em organização e articulação feminista e popular.”
O curso ocorre todas as segundas-feiras, das 18 às 19 horas, no Prédio Histórico da UFPR.
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