Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Suspensão do atendimento é um protesto contra os valores pagos pelas operadorasParalisação dos médicos começa com baixa adesão
De 40 consultórios consultados pela Gazeta do Povo, só dez suspenderam atendimento a usuários conveniados.
Os médicos do Paraná começaram em ritmo lento o boicote aos planos de saúde. Depois de tentativas frustradas de reajustar o valor pago pelas operadoras por consultas médicas, a Associação Médica do Paraná (AMP) e o Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) recomendaram aos médicos do estado que paralisassem a partir de ontem o atendimento aos pacientes conveniados. Mas o protesto teve baixa adesão em seu primeiro dia: de 40 consultórios consultados pela Gazeta do Povo, apenas dez suspenderam os atendimentos.
A AMP não recomenda que os médicos cobrem pelas consultas de pacientes conveniados no período. A orientação é de remarcar as consultas.
Como reclamar
O paciente pode reclamar pelos seguintes canais caso se sinta prejudicado por não ser atendido pelo médico ou plano de saúde nos próximos dias:
Agência Nacional de Saúde
• Pela central de atendimento da agência: 0800 701 9656
• Comparecendo ao escritório da ANS em Curitiba (Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 373, conjunto 902, Centro).
• Preenchendo formulário de reclamação pelo sitehttp://www.ans.gov.br/
Procon
• Pela central de atendimento: 0800-411-512, das 8h30 às 18h, de segunda à sexta-feira.
• Comparecendo à sede do Procon-PR (Rua Presidente Faria, 431, Centro). São distribuídas 50 senhas pela manhã e outras 50 senhas à tarde.
Segundo o presidente da AMP, João Carlos Baracho, como a paralisação é voluntária, é difícil estimar a adesão ao movimento. Um balanço será feito pela AMP ao fim do período. “São 10 mil médicos credenciados aos planos no estado, e esperamos que a classe demonstre sua união neste momento”, disse.
Reajuste
Os médicos reivindicam reajuste médio de 100% nos valores pagos pelas operadoras. Em média, os planos repassam R$ 40 por uma consulta, e os médicos pedem que o valor mínimo seja de R$ 80. A classe também pede para que os próximos contratos estabeleçam reajuste anual de acordo com a inflação, o que não ocorre hoje. “Nos últimos oito anos, a mensalidade dos planos subiu 136% e o valor pago aos médicos, somente 45%”, explica o presidente da AMP.
Até o momento, apenas duas operadoras procuraram a associação para negociar valores, de acordo com o presidente. Por isso, o Ministério Público do Paraná enviou ofícios para as entidades representativas de médicos e planos de saúde colocando-se à disposição para mediar as negociações. “Caso o período não seja suficiente para chegarmos a um acordo, é possível que ações mais enérgicas sejam tomadas no futuro”, disse Baracho.
A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa as operadoras, diz que a negociação da remuneração é feita caso a caso, sem sua participação. A Amil, a maior operadora entre as que não chegaram a acordo no estado, não se pronunciou sobre a paralisação.
Colaborou Caroline Stédile
Sanepar, Copel e Itaipu “escapam”
Alguns planos de saúde conseguiram chegar a um acordo com a AMP e estão de fora da lista de 42 operadoras cujos atendimentos estão suspensos. Os usuários dos planos da Itaipu e das fundações Copel e Sanepar não foram afetados pela paralisação.
“Há muito tempo estávamos conversando com a classe médica para readequar os valores pagos pelas consultas e chegamos a uma fórmula que satisfaz médicos e pacientes”, afirma o presidente da Fundação Copel, Hélio Pizzatto, que atende 41 mil pessoas.
O fundo de pensão subiu de R$ 58 para R$ 70 o valor da consulta, ainda com a possibilidade de mais R$ 10 mediante a um relatório de perfil epidemiológico elaborado pelo médico sobre o paciente atendido. Os planos da Fundação Sanepar e da Itaipu também chegaram aos valores pedidos pelos médicos. “Como somos instituições sem fins lucrativos, a conta é mais simples de fechar”, admite Pizzatto. Outra exigência atendida foi de prever em contrato o reajuste anual indexado à inflação.
Unimed
A Unimed é outra operadora que não está na lista de boicotados pela classe médica. De acordo com o presidente da AMP, João Carlos Baracho, a empresa está em uma negociação paralela. “Trata-se de uma cooperativa médica, e os valores variam entre as cidades”, explica. Ele afirma, no entanto, que os médicos curitibanos conveniados com a empresa estão insatisfeitos e não descarta que o plano entre na lista de operadoras “rejeitadas”. “Em Curitiba, a Unimed paga R$ 47 por consulta. É preciso que esse valor seja revisto”, completa. (PB)
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